Certa manhã de inverno, uma formiguinha imprudente afastou-se do formigueiro pelo meio da neve e nela prendeu seu pezinho. Aflita, começou a pedir ajuda com a voz chorosa e cheia de auto-piedade, esquecida de sua imprudência inicial:
- Oh, Sol, tu que és tão forte, derrete a neve e desprende meu pezinho…
E o Sol, indiferente nas alturas, falou:
- Mais forte do que eu é o muro que me tapa!
Olhando então para o muro, a formiguinha pediu:
- Oh, muro, tu que és tão forte, que tapas o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
E o muro que nada vê e muito pouco fala respondeu apenas:
- Mais forte do que eu é o rato que me rói!
Voltando-se então para um ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
- Oh, rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
- Mais forte do que eu é o gato que me come!
Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
- Oh, gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
E o gato, sempre preguiçoso, disse bocejando:
- Mais forte do que eu é o cão que me persegue!
Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
- Oh, cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
E o cão, que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
- Mais forte do que eu é o homem que me bate!
Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao homem:
- Oh, homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
E o homem, respondeu apenas:
- Mais forte do que eu é o Deus que te Criou!
Quase morrendo, a formiguinha rezou baixinho:
- Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho…
E Deus, então, por AMOR a formiguinha , fez girar mais depressa o tempo e em dois minutos fez-se a primavera e no campo agora coberto de flores multicores estava derretida toda a neve , o frio, toda a prisão.
A formiguinha, porem, não arredou o pé de onde estava até chegar o inverno seguinte, quando um outro floco de neve prendeu o
Pé que ela nunca tinha libertado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário